30 agosto 2009

Meio-ambiente


Olha que coisa mais linda chamada DEMOCRACIA.
Da mesma forma que, aqui no Brasil, podemos eleger nossos governantes, também podemos eleger o que vamos consumir.
Tudo depende, claro, da proposta dos candidatos.
João elegeu a carne de coelho.
- E o que é que o coelho te propõe?, perguntei.

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26 agosto 2009

Decidir. Mais uma vez.

Cansei.
É.
Essa mediocridade do amor.

Disseram-me que ele acontece.
Possivelmente após a paixão.
Mas é mentira.

Amar é uma decisão.
Você só se deixa, se deixar.
Você só se permite, se permitir.
E eu não quero permitir.
Eu não quero amar.

Decidir amar é decidir sofrer.
E por mais que depois seja bom, durante é a morte.
E nós vivemos para viver.
Não para morrer.

Eu não quero morrer. Eu não quero sofrer. Eu não quero morrer.
Eu quero viver.

Viver de amor é morrer.
Então morrer é o quê?

Se entrega. Se expõe.
Acha que acaba ali. Nele. Nela.
Os dois são um.
Nunca serão separados.
Paixão.
Acaba ali.
Amar é uma decisão.
Decidir amar é decidir morrer.

Eu não quero mais morrer.

17 agosto 2009

Periodista News

17 de Agosto de 2009


- Dólar fechou em 1,86.
- Estadão continua sendo censurado pelas investigações de Sarney.
- E o Sarney acha que estão fazendo uma campanha nazista contra ele.
Abdelmasshi – médico mais conceituado do Brasil em fertilidade – foi preso acusado de crime sexual. (Eu acho que todos os filhos gerados na clínica dele são do véio. E coitado dos bebês que vão ter o nariz daquele infeliz.)
- Estádios que vão sediar os jogos da Copa possivelmente serão reformados com dinheiro do BNDES.
- Vereador de Curitiba, Emerson Prado – que eu nem sabia que existia – do PSDB (só podia) se recusou a fazer um teste do bafômetro e depois teve a cara de pau de dizer pra imprensa que “se soubesse que iria dar toda essa repercussão tinha feito”.
- Todas essas novidades e tem gente que continua com o mesmo pensamento retrógrado e inútil: O deputado parananese, Ney Leprevost (PP), ainda acha que é o dono do mundo.

Vá procurar pulga em cabeça de prego.

14 agosto 2009

Farmácia!

Existe algo mais vexatório do que ir a uma farmácia?
Se você acha que sim é porque você nunca precisou comprar um laxante.
No balcão, você diz o nome do medicamento como se o farmacêutico não soubesse a composição do produto:
“Lacto-purga”
Sente na hora um olhar estranho. Como se o próprio dissesse:
- “Hummm... quer dizer que Vossa Senhoria não está conseguindo cagar?”.

Quando pequena meus pais pediam para eu comprar o tal do sal amargo. A composição é sulfato de magnésio (MG SO4). Serve pra depurar o sangue, desestimula a desintoxicação e dizem que normaliza o sono. Entra estas e outras coisas sal amargo é também laxante.
- “É pra temperar, pai?”
- “É. É pra temperar!”
A pobre inocente entra na farmácia gritando:
Onde é que tem sal amargo, hein?”
Os velhos me matavam de vergonha. Mas o farmacêutico devia sacar. “Aquele safado do pai dela não deve estar conseguindo cagar”.

Quando tinha uns 13 ou 14 anos resolvi fazer um almoço. Estava aprendendo a cozinhar. (Estou até hoje).
Dentre os quitutes tinha salada. Mas não uma simples salada. Quis inovar.
Botei alho, orégano, catchup, mostarda, vinagre, azeite e... sal amargo.
Era pra dar aquele efeito agridoce, pai”.
Deu um efeito colateral. De uma tarde inteira.
É isso que dá mentir pros filhos.

Mas as mulheres, essas também sofrem com os olhares recriminatórios dentro da farmácia. Cada produto gera um balãozinho com o pensamento do farmacêutico.
Absorvente. “Quer dizer que o Chico chegou?”
Anticoncepcional. “Quer dizer que não é mais virgem, né?”
Preservativo. “Quer dizer que vai dar uma, é?”
É um sufoco!
Só que enquanto comprar essas “coisinhas” nos causa uma sensação desagradável, tem gente que deve passar mal pedindo “coisonas” mais sérias.
Para um homem, por exemplo, deve ser humilhante comprar viagra.
O cara chega de óculos escuros. Cabeça baixa. Fala com a boca semi-fechada.
“Me vê uma vitamina c. Quatro aspirinas. Um xarope. Pastilhas para garganta. Um viagra. Dois pacotes de gaze.”

Não adianta. Tentar disfarçar como se fosse só mais um elemento no meio de um monte de porcarias?
Ele não vai anotar tudo o que você disse na hora. Vai pedir pra repetir.
E vai doer, cada vez que você tiver que dizer ou ouvir “viagra”.
Você disfarça. Age como se fosse a coisa mais normal do mundo. Mas não é normal.
Nada que se compre na farmácia é normal. Falo de uma farmácia de verdade. Não esses centros de conveniência que vendem até a mãe.
Depois de repetir ele diz. “Viagra não tem. Mas tem um similar, o Zenerx, com 60 cápsulas”.
Aí o cara já está gozando com a sua cara. Tá achando que um comprimido não resolve. Você precisa de 60. Sessenta. “Entendeu, ô careca?”

Se não bastasse essa vergonha você ainda tem que tomar uma decisão. E uma decisão rápida. Pede todos os outros produtos só pra disfarçar. Se recusar o Zenerx não poderá recusar o resto porque senão fica estranho. Você teria que sumir dali e queimar a cara em outro lugar. Então, pra evitar maiores retaliações, decide pelo Zenerx.
“Pode ser. O meu amigo que pediu nem vai notar a diferença.”
MEU AMIGO? Essa é pra acabar.
Você acha que o farmacêutico é idiota pra achar que existe um AMIGO que pede algo desse tipo? Só se for o pessoal do Fresno.
Aí você começa a se distrair com os folhetins de promoção. Olha para o lado. Tira o celular do bolso. Mas é como um soco no estômago.
Você quer sumir da farmácia. E quando pensa que só vai pegar tudo e ir embora, lá vem ele todo de branco com as orientações.
- “Está aqui a sua vitamina c. As quatro aspirinas. Xarope. Pastilhas para garganta. O Zenerx e os dois pacotes de gaze. O Senhor sabe como funciona o Zenerx? É igualzinho o Viagra. Só que o efeito é mais rápido. Se o senhor tomar...”.
- “Ah, eu conheço sim”. Você diz todo educado pra ver se aquela matraca cala a boca. “Digo, meu amigo deve saber como funciona.”

Precisa repetir? Você sabe tudo o que está lá no balcão e o atendente deve saber também que isso é constrangedor. Se alguém quiser informações, lê a bula. A não ser que seja cego. Ou analfabeto. Ninguém precisa dizer.
A sorte é que Zenerx é menos comum. Quase ninguém conhece. Só o farmacêutico que tem acesso irrestrito ao produto, aquele canalha, é que vai saber que o teu negócio não levanta mais.
Anticoncepcional é uma prevenção.
Laxante é para aliviar as tensões estomacais.
Absorvente é necessário para a natureza feminina.
Viagra é para o cara que ainda quer satisfazer os seus prazeres carnais.
Deveria ser algo natural. Compreensível para os farmacêuticos e nem um pouco constrangedor para qualquer ser humano que precise de um desses itens.
Mas não. Eles sempre precisam olhar para nós com aquela cara. Aqueles balõezinhos saindo daquelas cabeças normalmente ovais e sem expressões.
Eles nos esnobam porque lá no fundo da farmácia, escondidos das câmeras de segurança e dos outros funcionários, eles roubam Zenerx. Vitamina C. E, às vezes, O.B.
E nem sempre esse último são para elas.
É a vidinha.

11 agosto 2009

Desentendimentos

- O que o Sr. acha da nudez?

- Uai, Nudez mió!

- Não entendi, senhor. Como assim "nudez melhor"?

- Uai! Mió nudez du que nu nosso.

09 agosto 2009

What a hell...


Você se desprende da orbe.
Por mais workaholic que seja, o trabalho já fica em segundo plano.
Afasta-se dos amigos fisicamente.
E quando sai com eles o pensamento não acompanha o corpo.
As pernas querem andar, a mente quer fazer meia-volta.
O telefone fica no balcão para garantir que você não só vai ouvir, mas ler no visor a chamada entrando.
Segundo um extra-terrestre que freqüenta os mesmos bares que eu, há uma diferença entre envolvimento e comprometimento, que pode ser observada em um café da manhã farto.


Envolvimento é o que a Galinha dá: seus ovos.
É uma perda grande que pode gerar um omelete ou até uma panqueca.
Mas não tão forte quanto o compromisso do Porco: dar sua própria vida em prol de um toucinho
”.

Ó, Dízãs, o que estou tentando dizer?



Foto de Wellington Lima Jr.

08 agosto 2009

A companheira

Tenho um amigo que sempre foi louco pra arranjar uma namorada.
Passou quase dois anos falando isso pra mim.
Cobiçava qualquer mulher perfumada e com uma bunda grande que passasse perto dele.
Quando bêbado, encarava qualquer uma.
Dizia que queria casar. Construir uma família.
Chegou até mesmo a propor minha ex-vizinha, que tem quatro filhos e um doberman. E aquela vaca nem tem bunda grande.
Mudou todo o guarda-roupa dele. Financiou um carro zero sem nem mesmo ter garagem para guardá-lo.
Foi para São Paulo fazer um curso de "aperfeiçoamento pessoal" e aproveitou para cortar o cabelo no Jassa.
Equipou o apartamento com vinhos "cabernet sauvignon" que, na opinião dele, são os preferidos "delas".
Depois de entrar na academia de dança e aprender todos os truques de forró, sãlão, tango e jazz, ele foi para um psicólogo.
Tomou tarja preta e misturou com uísque.
Assinou a Playboy.
E nada o satisfazia quanto a idéia de arranjar uma mulher.
Pensou em se suicidar.

Hoje o reencontrei. Dentre as novidades ele contou sobre a compra de uma televisão tela plana de 52 polegadas.
A ansiedade com as mulheres - repentinamente - parou, disse-me ele.

06 agosto 2009

Poetas bom de lábia

Foto de Wellington Lima Jr.


Nesta quarta (5/08) o Atlético-PR ganhou do Cruzeiro por 2 a 0.
A partida teve três expulsões – duas para o time azulão – e o rubro-negro ainda marcou um gol não pontuado (por impedimento). Porém o mais genial foi que o Furacão ganhou da Raposa em pleno estádio do Mineirão.
Durante o jogo, entre um chope e mais uma dúzia, meu amigo totalmente desprendido do mundo esportivo, declamava uma poesia que fez para uma pretendente e que – aparentemente - não surtiu efeito.

Pétalas vermelhas nas curvas de um vestido negro
Estravagante elegância
Olhar de desdém
Coração em ânsia
Eu sou doce refém
Desejar sua fragância
Menina, você não vêm

Depois de respirar fundo e tomar mais um gole, a conclusão dele foi a de que um poeta nunca poderá ser um garanhão. Porque normalmente os poetas são “feios, desengonçados ou sem estilo. E nenhuma mulher vai se render só pelas palavras de um homem. Você não acha?”, me perguntou.

Parei.
Pensei.
Continuei olhando o jogo.
E, pasmem, concluí.

Uma mulher sempre gosta de palavras direcionadas a ela. Repare nos namoros na internet, por exemplo.
Mulher gosta de ouvir. São elas as maiores consumidoras de cultura.
Segundo pesquisa da Retratos da Leitura no Brasil, as mulheres são as que mais leêm no país. Cerca de 5,3 livros por ano. O que não é muita coisa, exceto se comparado aos homens, que leêm 4,1 por ano.
O que eu acho - e isso ainda não tem pesquisa - é que boa parte dessa leitura é poesia.Reflete na sensibilidade feminina. Isso prova que a literatura é muito mais interessante que outras coisas que parecem interessantes.
Sim, existe paixão na comunicação não-verbal.
Por isso, um poeta talentoso pode ser sim um garanhão, caro colega. Desde que se entregue nas palavras, mas não se manifeste fisicamente.

05 agosto 2009

No vinho há verdade


“En el vino hay verdad”.

Li a frase em uma rolha, há poucos dias. Mas o provérbio é quase milenar.
Foi dito por Platão – em latim - no famoso Simpósio.
É da época em que seguidores do Deus do vinho – Dionísio – podiam dizer coisas que não seria permitido dizer sem a bebida. Para tal ato eles usavam máscaras e assim não eram reconhecidos. Era tipo uma festa à fantasia da verdade.
Ontem fiz uma festinha aqui em casa.
Tinha vinho.
Não tinha máscara.

Primeiro encontro “delícia”


Ele acabou de sair, mas minha memória só consegue enxergar quando ele chegou.
Volto do mercado trazendo guardanapos. Afinal, alguém há de limpar a boca no fim do jantar.
Quando entro em casa vejo ele sentado no sofá. E o pior ainda estava por vir: Segurava o controle remoto. Quanta vantagem para um primeiro encontro com a família da pretendida.
Sozinho, na sala, com o controle remoto.
“Estou ajeitando a imagem da televisão. Seu pai pediu”, disse ele.
“Ah tá!”, respondo. Como se isso simplificasse tudo.
Logo aparece a verdadeira dona da casa. A ursa. A que manda.
- “Prazer”.
- “Prazer”.

Mas que mania alguns ainda têm em dizer “prazer”. Isso já não saiu de moda?
E tem outra: Prazer é algo tão profundo. Tão intenso. Não deveria ser dito no primeiro encontro.
Segundo Aurélio Silveira Bueno, quer dizer “alegria, divertimento, agrado, satisfação, delícia”.
Delícia?
Ora. E delícia é palavra que se use assim... ao conhecer alguém?
"Uma delícia te conhecer". Eu, hein!

Mas esse pessoal não usa delícia na apresentação só porque não sabem que a palavra é sinônimo de prazer.
E na minha opinião, com “prazer” deve ser sempre mais caro.
Porque hoje em dia prazer é prato extra. Cobra-se a parte. “Você disse prazer? Paga 10% a mais” e ponto. Alegria, divertimento, agrado, satisfação... Mas prazer...? Esse é um detalhe a mais. Como a calda de chocolate no brownie com sorvete. A cerejinha no martini. O cabelinho na coxinha de frango.
É! Claro! Até o cabelinho pode ser prazer caso você NÃO precise pagar as 8 empadas que comeu antes. Articulações na padaria. Negócio é prazer.
E namoro – às vezes – é também um grande negócio.
Veja... a gente sempre espera que não seja o nosso caso. E nunca é. “Conosco nunca, Conosco jamais”. Namoro, casamento, e todos esses rótulos ridículos que a sociedade impõe nem sempre existem porque gostamos deles, mas porque é mais fácil dizer “essa é minha namorada”. Do que “essa é uma garota com quem eu saio, converso, discuto, beijo, e às vezes dou uma bolinada”.
O negócio entra (tô falando de empreendedorismo, hein!) a partir do momento em que o cara freqüenta a tua casa e de repente tá arrumando a televisão pro teu pai. É um negócio.
Daqui a pouco o velho pede pra arrumar a lareira, o microondas, o controle remoto do ar condicionado. No início é gostoso. A gente se sente útil e mostra que sabe fazer algo. Quer agradar. E no fim tá recebendo o cara com um cortador de unhas. Em troca você pega a filha dele.
É a lei da intimidade. Maldita, aliás.
No meu trabalho é assim. “Lazarento, pistoleiro, traíra”. Tudo é elogio. Mas no fundo é vontade de dizer tais palavras para o sogro, sogra, cunhada, vizinha da cunhada, e neto do primo do filho do cunhado. Uma lambança!
Mas eles se amam. Estão apaixonados. Ou sabe-se lá o quê. Vão levando ou empurrando com a barriga que já não lhes permite olhar nem os pés na hora do banho.
Afinal, o que rola embaixo dos lençóis é de qualidade. A comida da sogra é uma beleza. E a televisão do sogro é de 52 polegadas e ainda tem Pay-Per-View.
Depois de 10 anos. O casal já está formalmente unido, não existe barreira de intimidade, o sogro arrota na sala, o genro tira o tênis na hora do jogo, a mulher vai para o fogão fazer pipoca, a sogra lava a louça e eles se arrependem, eternamente, de terem dito no primeiro encontro: “prazer”.

Como eu disse, com prazer deveria ser sempre mais caro!
Ainda bem que tudo é apenas uma suposição.
“Comigo não. Comigo nunca”.