Bah, 2009 começou estranho mesmo.
Cadê aquele cheirinho de merda de 2008?
Ano passado já fedia. Agora nem feder, fede. O que é muito pior.
Sabe quando alguém caga e depois passa bom ar? Então, tá assim.
Você entra no banheiro e a princípio parece que tá tudo certo, perfumado até demais. Depois a realidade começa a vir à tona e nem tampar o nariz resolve o problema.
Sinto que alguém anda tentando me enganar.
Olha só essa: O sujeito me liga, diz que me quer, que quer ouvir a minha voz, pegar nos meus cabelos, alisar o meu nariz, beijar minha orelha, massagear o meu ego, mas na hora do “vamo vê” foge que nem galinha viva do forno. Nem telefone atende aquela praga.
Depois vem com a desculpinha do “tava dormindo” e “não to legal”. E na verdade o safado deve estar é com o problema no tobas de tanto eu mandar ele tomar no cú em pensamento.
O problema é que o cara é um gato. Mas gato pra dedéu. Se eu aparecer com ele lá em casa minha mãe até me bota de volta no testamento só de orgulho da filhota ter laçado um caubói daquele nível. Além de tudo é poeta. O que não causaria nenhum impacto positivo na família, mas pra mim chega a ser até uma anomalia de tanta perfeição.
É a morte, não é?
Se eu der trégua ele compõe a décima sinfonia de Gato pra Dedéu.
O problema é que eu não sou inspiração pra esse cara. E pus (que nojo!) tudo a perder dando uma de Beverely Hills 90210. E vamos combinar que hoje em dia nem o Papa faz frescura. Em dois toques ele tá descendo guela abaixo. "O Papa no papinho".
E não é nada disso não. Eu sou desorganizada mesmo.
Massss o meu problema é que eu "não tenho problemas", afirmou o Bonitão. Com B maiúsculo porque ESSE merece. Ele diz que eu sou normal e quero ser complicada. Pode?
Homem instigante. Muito instigante.
E olha que ele me chamou de instigante bem antes dele.
Ah, perdão. Uma amiga disse que não posso usar a palavra instigante durante o dia. Concordo com ela. Se for dia, duas alternativas para você: estimulante e suspeita. Se for noite, devore o instigante. Palavra bunita que eu aprendi na sétima ou oitava série.
Então... 2009 parece instigante. (estimulante ou até suspeita). Acho que suspeita é uma boa palavra e vai no feminino mesmo porque as mulheres dominam esse primeiro mês desse aninho novo... E Dízãs, novo é modo de falar porque 2009 tá velho pacas. Então... como eu tava dizendo, instigante. E quem também é instigante, estimulante ou suspeito é esse cara aí que tá me tirando o sono, me deixando com os olhos vermelhos, a olheira acentuada e o corpo aflito quase frito.
E isso que é início de ano. Imagine se fosse final.
Eu acho que o cara (Eu já disse que ele é Gato pra Dedéu?) é safado mesmo. E o que é pior: com cara de bom moço. “Nada mais sincero que um bandido com cara de bandido” disse certa vez alguém que eu não sei quem. E “nada mais terrível do que um cúmplice” disse certa vez um outro alguém que eu também não sei quem.
Mas que tem outra na parada. Ah, tem! Aquele não é homem pra uma mulher só. O problema é que eu sou UMA SÓ. E tô querendo me dividir em dois que nem Israel. Mas aí é guerra. E de Guerra já chega o Alceni com suas trocentas bicicletas.
O fato é que eu peguei a senha primeiro. Ou ao menos PENSO que peguei. Mas o coração socialista me leva a repartir o pão sírio. Nada de guardar a sete chaves o tesouro das Arábias.
Só que se alguém furar a fila eu vou de Jair Rodrigues “dou pernada 3 por 4 e nem me despenteio” porque ninguém sai ileso dessa gaiola das loucas. Nem que o Detran me mande multa por excesso de velocidade com a mensagem de feliz ano novo no cantinho da página. Nem que eu pague 2,20 na passagem do busunga pra ir em pé e ainda levar encoxada do Zé das Cove, que tá de olho comprido pro meu lado.
O lance é cagar e andar... sem passar Bom Ar. O jeito é enfrentar o cheiro de merda e torcer pra, pelo menos, fechar o ano com saneamento básico. Enquanto isso o meu cúmplice vai ser, de novo, o colchão.
É a vidinha!
revista. 
revista. 
