BRINQUEDINHOS

Eles estão aqui, porém pensando no televisor mais próximo e na possibilidade de encaixar ali um cabo para o Playstation.
Nós, mulheres, sempre temos a mania de imaginar a traição como principal atividade dos homens. Se não nos traem, estão pensando em trair.
E tenho dito: Quanta inocência a nossa.
É muito pior do que isso!

Um indivíduo com quem saio – eventualmente nos chamamos “namorados” - chegou com a notícia: “Chile no feriado”.
Parece que até tremia para contar a boa nova com os amigos. (Aliás, por que os homens parecem traumatizados com esse tipo de situação? Deve ser porque NÓS estamos interpretando errado o que é acontece quando eles vijam)

Confesso que achei um tanto estranho a programação repentina. Mas foi o fato dele dar mil voltas para contar o fato que gerou suspeita.
Ciúmes? SIM, CLARO. Mas não ciúmes das chilenas.
Se tem alguém de quem eu tenho inveja é o aparelhinho que o gato vive apertando. O vídeo-game.

Aqueles mocinhos não me enganam...

Você acha que eu vou acreditar na balela de que ele e outros dois amigos vão ficar sete dias no Chile bebendo todas, pagando vinho para a mulherada, bolinando as chilenas?
NADA DISSO.

Não vasculhei a mala dele, mas estou certa de que havia um volume suspeito lá dentro.

Uma bagagem muito grande para um rapazinho como ele. Sabe o que aposto que tinha lá?

Video-game.

Porque o prazer deles é esse.
50 dólares por dia para botar em ação as mais novas técnicas do FIFA 2009 no X-BOX 360.
Com vista para os Andes, lógico.

Pausa apenas para dar uma esquiada e foder com o joelho. Afinal de contas, eles têm que ter um motivo para, quando voltarem, ficarem em casa JOGANDO VÍDEO-GAME.

Se vocês pensam que estou exagerando, vou contar um caso recente...
FESTA DE ANIVERSÁRIO. Todo mundo feliz. Cervejinha à vontade. Quitutes, bolo.

Eu e mais outra que abdica de tantas delícias para se dispor a ELES.
E de repente, somem.

Onde estarão?

- "Ah, devem estar cantando alguma amiga nossa por aí...", pensamos, a princípio.

Hora do parabéns.

E ELES?

Não estão lá.

O QUE FAZEM?

Jogam vídeo game.

E O ANIVERSÁRIO?

Eles que nos convidaram.

Provavelmente nos levaram para representá-los. Só faltava um bilhete de condolências: "Sinto muito, não poderei comparecer ao evento pois preciso, desesperadamente, jogar video-game. No entanto, estou enviando um representante".

Dos 12 aos 35 anos eles só fazem isso. Com intervalos para o futebol.

Gastam duas horas por dia. 14h por semana. De 60 a 62 horas/mês para jogar video-game.

Ao ano, isso deve dar em torno de 43 mil minutos. Descontando, claro, os dias em que falta energia.

E, coitados, não imaginam quantas cositas más prazerosas poderiam fazer, como as atividades que nós mulheres empenhamos quando não estamos com eles.
Quando chegarem aos 40 e se derem conta do que perderam, aí seremos nós a procurar outros brinquedinhos.

Até lá, claro, a gente brinca com eles.

É A VIDINHA!

O pedreiro devoto

De segunda a sábado ele acorda às 5 da manhã. Toma banho pra despertar, se veste e toma um café bem doce. Anda para o ponto pegar o ônibus das 5:40. Leva consigo a marmita que estará fria até o meio-dia. Cumprimenta os colegas. Troca de roupa e vai para o trabalho. Profissão? “Pedreiro. Não. Nem pedreiro eu sou. Eu sou servente de pedreiro”.
A história de João Maria da Silva seria igual a de muitos pedreiros ou serventes de pedreiro do Brasil, não fosse uma diferença...

Ele leva o carrinho de mão, põe e joga cimento. Mistura o cal com areia. Retira os entulhos do caminho. Aprende novas técnicas. Quem sabe um dia vai subir de cargo. Trabalha. Sua. Trabalha.
Um saco de cimento que ele descarrega por hora na construção vale mais que um dia de trabalho dele.
O almoço, normalmente, é carne moída, arroz. Às vezes ovo frito. Às vezes uma bananinha. A comida é uma delícia. Dona Guantina, a esposa, é que prepara. Bebida? É luxo.
Ainda com a bóia cheia, vai pegar pesado. Enquanto um pedreiro faz a cesta o outro já começou. E o servente... Bem o servente tem que agüentar o tranco POR DOIS.
No fim do dia, a rotina é inversa. É como rebobinar uma fita de vídeo. Troca de roupa. Cumprimenta os amigos. Pega o ônibus e leva consigo a vasilha da marmita, agora vazia. Só que o destino que João Maria toma não é o de casa.
E é assim todos os dias.

Ao invés de cumprimentar a esposa e os filhos, ele vai pedir a bênção de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais: a padroeira de Curitiba. Em busca de um milagre.
E é assim todos os dias. Há 65 anos.
É como reabastecer a bateria. Vem agradecer por ter – há quase 60 anos – o emprego de servente de pedreiro. Vem agradecer por existir.

E o Sr. conseguiu algum milagre?, pergunto.
O da vida.

HOMEM QUE NÃO BEBE, NÃO PRESTA!

A afirmação só podia ser de um alcoólatra. Meu chefe. Um deles.
É uma forma de exercer o socialismo empregatício, sabe?
Pra quê ter um chefe se você pode ter vários?
É que a vidinha anda mais ou menos. O pão tá caro. A pinga mais ainda.
E... Ai, Ai. Sem pinga não vai.
E não vai também muitas outras cousas. Porque a cachaça é o combustível do amor.
“Facilita o sexo”, dizem uns.
Mas sexo não é amor. É?

Quando o relacionamento esfria ou fica morno, sempre aparece uma anta quadrúpede pra dizer “é que agora é amor”.
Tudo uma questão de negócio! O já conhecido marketing dos cobertores para casais.
Imagine se os colchões, edredons, camas, guarda-roupas forem fabricados só para solteiros?
Questão de percepção.
Você chega lá quando compreender que o mundo é uma bola que gira. Que o Silvio Santos não tem só 65 anos. Que a maçã que o Adão comeu não era bem uma maçã. Eticetera.

Mesmo caso de inverdades, aliás, da gripe suína - em Curitiba conhecida como a gripe dos “coxa-branca”. Inventada pelos Estados Unidos, a Influenza é só para distrair a crise econômica que ELES lançaram no planetinha Terra. Só pode!
Até um amigo marciano já contou que tá faltando grana pra ração orgânica. Sérios problemas pro coitado. De verde tá passando pro azul. Até a voz está se aproximando a da Daniela Cicareli.
Pobrecito também do Sr. Obama, que nem sabe de nada. Um inocente. Ingênuo até na famosa foto de Jason Reed, que flagrou o olhar de Obama para o “pitelzinho” brasileiro que desfilava na última reunião do G8 na Itália.
O adjetivo dado à mocinha (de 17 anos) é invenção de um amigo. Pra mim aquele cabelinho daria uma vassoura. Utensílio, aliás, que eu ofereceria à minha chefe. Uma delas.
Pois a vantagem de ter vários trabalhos é ter várias chefes. E aí fica fácil falar mal de todo mundo e complicado identificar quem é quem. (E só pra especificar, a vassoura não seria para ela voar.)
Mas apesar de ter vários salários, num sô rica, não.
É que – como já disse – eu divido. Com os garçons, donos de bares e adegas. E em livros comunistas para incentivar o meu posicionamento espiritual. Lojas de pijama também estão na minha reta porque prometi que iria dormir com elegância desde que tive um treco e precisei ir para o hospital de madrugada. Aliás, nos hospitais ando deixando meu dim dim também.
Mas, oras, dinheiro é pra gastar. Aliás, o que é que existe e não é pra gastar?
Cérebro! Tem gente que guarda pros filhos e netos. E, gente, não é hereditário. Nem adianta.
Pra quê tanto sigilo? Tanta precaução? Vamos queimar nos verdes campos fechados da Argentina. Que agora sim tá bom de passear. E a gente que vivia falando mal do país vizinho. É mole?
É mole e não sobe. Só com ajuda da cachacinha porque Ai, Ai... Sem pinga não vai.
E tudo isso culpa do meu chefe - um, dos muuuiiitos - que disse que homem que não bebe não presta.
Mas ele bebe.
E me diz... presta?

Mentir dá dor de barriga!

Você chega com o nome do produto como se o farmacêutico não soubesse a composição:

- “Lacto-purga”, por favor.

Sente na hora um olhar estranho. Como se o próprio dissesse “hummm... quer dizer que Vossa Senhoria não está conseguindo cagar?”.

Pra ilustrar esse momento infame, vou contar parte da minha rica e desagradável história.

Quando pequena meus pais me pediam para comprar o tal do sal amargo. A composição é sulfato de magnésio (MG SO4). Serve pra depurar o sangue, desestimula a desintoxicação e dizem que normaliza o sono. Entra estas e outras coisas sal amargo é também laxante.

- “É pra temperar salada, pai?”

- “É. É pra temperar!”

A pobre inocente entra na farmácia gritando:

- Onde é que tem sal amargo aí?”

Quando se tem 12 anos você esbraveja, não há do que se envergonhar. Quanto mais te ouvirem, melhor. E as coisas mudam.
Sal amargo. Sal amargo. Sorrindo e quase cantarolando no ritmo de “olha o passo do elefantinho”. Como se fosse a coisa mais importante do mundo pedir... sal amargo.

Os velhos me matavam de vergonha. Mas o farmacêutico devia sacar. “Aquele safado do pai dela não deve estar conseguindo cagar”.

Quando tinha uns 13 ou 14 anos (só para informar, isso foi há uns quatro anos atrás) resolvi fazer o almoço. Estava aprendendo a cozinhar. (Estou até hoje).
Dentre os quitutes tinha salada. Mas não uma salada comum. Quis inovar.

Botei alho, orégano, catchup, mostarda, vinagre, azeite e... sal. Sal amargo.

- “Era pra dar aquele efeito agridoce, pai”.

Deu um efeito colateral. De uma tarde inteira. Talvez duas.

Bem, é isso que dá mentir pros filhos.

Tem coisas que é difícil de engolir...

O Corinthians ganhou do Santos.
Até aí tudo bem.
Mas foi sem o Ronaldo.
Sem.
O mais irritante é que eles sempre conseguem fazer um gol no final.
Ensaio?