25 junho 2007

VOCÊ TEM MEDO?



“Mas medo do quê?”
DE TUDO! Medo de perder a namorada, de ser um profissional fracassado, de bater o carro, ser traído. Medo.
Eu tenho medo. Mas fico pensando se admitir isso me faz melhor ou me faz ter, talvez, menos medo.
Não sou psicóloga. Não leio mãos, não prevejo o futuro, nem vejo o passado. Eu só vivo o presente. O meu presente.
E o presente já é cheio de surpresas. Que dirá o futuro!
Eu me recordo que aos 15 anos eu não via a hora de fazer 18. E aos 18 de fazer 21. E quando cheguei aos 21 quis voltar aos 15.
Mas a vida continuou, eu não voltei aos 15 e às vezes eu penso em coisas que podia ter feito e não fiz. Por preguiça, talvez pela minha falta de organização, mas a maioria delas por medo.
Eu não sei como controlar o medo. Mas eu tenho medo. Tenho medo de ser uma escritora mal-sucedida que sustenta apenas o próprio ego. Tenho medo das minhas contas chegarem antes do meu pagamento e delas serem maiores que o meu próprio salário. Tenho mais medo de decepcionar do que ser decepcionada.
Não sei se deveria falar aqui dos meus medos. Mas se eu falar dos meus medos, talvez alguém possa me ajudar a encontrar alternativas para supera-los. Ou talvez não. Talvez se eu disser que tenho medo alguém pode me chamar de ‘covardona’, rir da minha cara, falar o que quiser SEM NENHUM MEDO ou até ignorar, como se fosse algo sem importância. E vai ver é. Mas acredito que, na pior das hipóteses, se você resolver contar os seus medos, o máximo que vai te acontecer é nada.
E se “não acontecer nada” é a pior das hipóteses, digamos que também não há nada a perder.
Eu penso que medo e vergonha são quase sinônimos. Para mim, vergonha é o medo de decepcionar. E o medo? O medo é o medo. E é uma vergonha.
Ontem, acordei no meio da noite e fui encontrar meu pai na sala. Fui lá para dizer a ele o quanto tenho medo. Medo de decepcioná-lo, de ser uma filha ingrata, de não ser metade do que ele pretendia que eu fosse. Sentei ao lado dele e o ouvi falar sobre dezenas de assuntos: Futebol, amigos, política, tempo, pessoas, família...
Enquanto o ouvia, pensava ao mesmo tempo em como dizer a ele sobre o meu medo, como se fosse naquele momento tirar um peso da minha consciência. Como se contar a ele do meu medo fosse me aliviar de uma aflição no futuro.
Mas ali, ao lado dele, fui aos poucos perdendo o meu medo até reduzi-lo a nada. Tudo o que eu pensava que temia foi sumindo. Senti que ao lado dele não tenho medo. Tentei dizer a ele o quanto é importante para mim, mas não consegui. Tive medo.
Aí, como num piscar de olhos, o sono apareceu. Dei boa-noite, voltei para a cama e sem querer refleti. Percebi que não podia mais uma vez deixar o medo me vencer.
Voltei à sala e ele já não estava mais lá.

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Caiu de humor pra melancolia?

27/06/2007, 22:37  
Anonymous Anônimo said...

Adorei o texto.
Essas coisas mechem com a gente.

29/06/2007, 12:46  
Anonymous Anônimo said...

Muito bom mesmo!
Parabens Silvinha!!!!

01/07/2007, 16:42  

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