31 maio 2007

30 de maio de 2007

Hoje, ontem, sei lá, depende do ponto de vista, fui ao dentista e dei uma paquerada no gostosão que esperava no sofá em frente. O amarelo-reluzente-de-merda flamejava na mão esquerda do camarada que agora já me parecia gordo, asqueroso e com um jeito de vestir que doía os olhos. Passei um trote telefônico, gastei mais um dinheiro que não devia (na verdade, que não tinha) e corri pra casa. Tomei chimarrão, comi batata-doce assada e tomei café. Recebi o telefonema de um amigo justamente enquanto olhava a temperatura em Curitiba na internet. Marcava 0º no centro da cidade e o indivíduo insano do outro lado da linha me convidava pra tomar uma cerveja “bem gelada”.
Em tempos de boa boemia não recusaria o pedido. Mas eu estava com uma dor de barriga desgraçada e lancei o velho charme feminino que por pouco paira ainda em mim: “Tá muito frio, vou ficar em casa”.
Depois de cagar li Bukowski: “Os escritores só gostam de cheirar a própria merda”. É isso aí, honey.
Sentei ao lado do meu pai aos mais ou menos 30 minutos de Grêmio e Santos. Na verdade, eu não lembro, tava mais interessada no meu próprio umbigo. Comecei a pensar no que poderia escrever e se iria realmente escrever e perdi um bom tempo nisso.
Pênalti. Um guri com cara de índio peruano marcou. 1 a zero pro Grêmio. Não muito depois disso, enquanto fui ao banheiro mijar e tirar espinhas da cara, 2 a zero. Continuei pensando se escreveria sobre o que li do velho safado ou sobre os meus últimos (espero realmente que sejam últimos) dias de espera por um emprego que me dê dinheiro suficiente para comprar vinhos decentes e não essas merdas que andam me intoxicando ultimamente. Bem, papai paga. Mas ele costuma comprar Campo Largo e dizer “esse é o puro gosto da uva”. O velho safado me veio à memória: “Deus todo-poderoso, o quê mais?” Enfim, quando o papai paga, a gente toma, agradece e ainda confirma “bom mesmo, hein!”
Conversamos sobre deportação em países estrangeiros, sobre a gorda da Luciane Pelajo fazendo chamadas, mais um café, pipoquinha, Wanderlei Luxemburgo, os velhos assassinados e enterrados com o cachorro no próprio quintal, mais um cafézinho e terminamos o papo nos miseráveis do assessores de imprensa. Nada contra os assessores de imprensa. Não odeio os assessores de imprensa. Não condeno os assessores de imprensa. Apenas tenho pena deles. Imagine escrever o tempo todo sobre uma só pessoa. O tempo todo fazendo propaganda do cara, construindo um marketing inexistente, elevando o seu ego, puxando o seu saco, contando os seus feitos heróico-políticos, as suas histórias de vida, mandando os seus relises de merda e sempre falando bem, e sempre da mesma pessoa, e sempre ele está lá, e mais uma vez quem? e você acorda um dia e vai escrever de quem? E aí um belo dia o cara caga no pau e toda a imprensa cai em cima do filho da puta. Tipo o Renan Calheiros, que depois de tanto tempo revelou ter uma filha de um casamento extraconjugal. Tudo bem, tudo bem! Ele não tem culpa se a mulher dele virou uma baranga de bunda flácida e peitos caídos. É a vida e a gente tem que fazer algo pra mudar a situação. Mas aí o assessor chupa os bagos do cara e de repente, buumm! Coitado do cara. É uma profissão de merda. Você advoga pra alguém e não sabe se ele é Deus ou o capeta. Entendeu o que eu tô dizendo pai?
Na verdade, o papo acabou na hora em que “caguei no pau”. Ele só esperou eu concluir a idéia pra vir com as 7 pedras na mão, apesar de tacá-las em mim com toda a delicadeza de pai.
Entendi. Mas você não fala isso aí que você disse na frente dos outros não porque é uma coisa muito, muito feia!” e pá!, me acertou bem na testa.
O quê é que eu disse? O quê que é? Cagar no pau? É isso?
PORRA! Meu pai sempre me enche o saco com essas merdas. Há tempos ele proibiu minha mãe e eu de dizer “vai pro saco”. Saca? Pô, se não prestar atenção no que eu digo você vai pro saco! Você vai morrer, e ao invés de ter um enterro digno com flores e musiquinha no velório, vai direto “pro saco”. Pro saco de lixo, porra!
Mas não! Ele diz que isso aí tem uma relação com a “genitália masculina”. E ele fala exatamente nesses termos. Vê se pode? A mente do cara, é, ele é O CARA, deve ser tão pecaminosa que só interpreta o que quer. Pô pai, qualé? Depois eu é que falo besteira!
Não! Não falei assim. Falei pior.
Há muito tempo eu já tenho o meu jeito de falar e você me desculpa pai, mas eu não vou mudar não”.
Imagina se ele falou alguma coisa. Rá. Silêncio total. Chego a arrepiar os cabelinhos do suvaco só de lembrar. É! Suvaco mesmo. É assim que eu falo e ninguém vai mudar, carálho! E com acento que é pra reforçar!
O silêncio durou até eu me levantar pra pegar o computador.
Você vai dormir?”
Não!”
Diálogos curtos. Diálogos curtos são podem ser os melhores ou os piores. Diálogos curtos dizem muito aqui em casa.
E esse disse: “Finalmente você vai dormir, pirralha respondona?”.
E o meu “não” disse: “Pra sua infelicidade, não. Vou é te infernizar mais a vida e cagar no pau de vez!”.
E o silêncio dele após provavelmente disse: “Bosta. Justo agora que eu ia ligar no canal pornô. Ela realmente cagou no pau”.
É. Pois é. E cá estou! Assistindo a merda do jogo do Grêmio. Eu gosto do Grêmio. Gosto do hino de Lupicínio Rodrigues... “Até a pé nós iremos”. Mas sei lá, hoje eu tava afim de falar dos assessores de imprensa, mas eu CAGUEI NO PAU
!
Pensei em como terminar a porra desse texto. Ao menos resolvi minha dúvida sobre escrever ou não escrever, e escrevi. Pensei em finalizar com “pai, te amo”. Ou, “2 a 0 pro Grêmio”, mas eu acho que já tinha dito isso. Ou não? Ou ainda, “Morra, Luciane Pelajo, Morra”. Mas lembrei mais uma vez do velho safado. Lembrei dele e do último dinossauro filho da puta que morreu de fome e acabou com a sua raça por isso. E pensei em mim e na raça de escritores miseráveis que só gostam de cheirar a própria merda. Ao menos os assessores de imprensa cheiram a de alguém. Boa noite!

21 maio 2007

“Pinheiro é uma árvore que não se transplanta”


Conhecer Miguel Sanches Neto foi uma gostosa surpresa!
No 3º Paiol Literário de 2007, o escritor, professor e crítico de cinema contou para o jornalista Paulo Camargo, editor do caderno G da Gazeta do Povo e cerca de 60 pessoas, desde a sua iniciação na leitura literária até seus trabalhos mais atuais.
E foi de uma maneira bastante peculiar que Miguel Sanches Neto iniciou na vida literária. “Eu acho que sou o único caso em que a violência foi positiva para mim. O meu primeiro contato com a leitura foi batendo em um amigo meu. Fui levado à biblioteca como castigo e lá tive que ficar lendo literatura. E eu não tinha esse contato com a literatura na escola, eram só livros técnicos. Aí virou uma válvula de escape. Toda vez que acontecia alguma coisa comigo eu ia para a biblioteca ler. Minha mãe dizia “olha como esse menino estuda”. Mas não, eu tava era lendo mesmo. No final das contas foi uma punição que se tornou uma salvação” brincou o escritor.
Muito à vontade e falando ao público como se falasse aos amigos mais íntimos, Miguel mostrou simpatia, humildade e um impressionante carisma. O mediador improvisado, que veio para substituir o jornalista José Castello, se mostrou bastante agradável nos 95 minutos de entrevista, apesar de uma visível timidez perante o público.
O que com certeza mais marcou na entrevista de Miguel foi o carinho demonstrado com muita espontaneidade pelo Paraná. Foi após sair do interior do estado, Bela Vista do Paraíso (onde nasceu) e Peabiru (onde cresceu), e vir para Curitiba, que Miguel começou a escrever. Em um isolamento forçado, Miguel teve de se adaptar ao clima da cidade para escapar da solidão. “Gosto muito de um poeminha do Leminski que diz: ”Não discuto com o destino, o que pintar eu assino”. Então foi meio assim, de uma forma que eu nem esperava, na necessidade de fazer algo, de sobreviver até, que comecei a escrever”.
Miguel veio à Curitiba em busca de um novo cenário para a vida e encontrou aqui cenários para a sua escrita. “A grande experiência para mim foi ler Dalton Trevisan – Cemitério de Elefantes – na adolescência. Foi um choque para mim aquela leitura. Eu não entendi quase nada. Mas comecei a ler todos os livros de Dalton porque ele falava de Curitiba. A impressão que eu tinha na época é de que só podia se escrever sobre Rio de Janeiro, São Paulo, Nova York. E lendo Dalton eu descobri que podia escrever sobre outros lugares, incluindo sobre Curitiba. E, na minha época, quando se queria sair do interior, a maioria das pessoas ia para São Paulo. E eu pensei: quero ir à cidade revelada por Dalton Trevisan. Eu quero ir para a Curitiba de Dalton Trevisan”.
Hoje Miguel Sanchez Neto mora em Ponta Grossa, mas foi aqui em Curitiba que escreveu diversos livros que têm momentos de crônica, conto, prosa e poesia. Mas Miguel confessou que sente uma necessidade de ir para uma cidade maior. “Meu sonho hoje é morar em Madrid ou Nova York. Eu tenho essa obsessão agora de ter uma experiência cosmopolita, sabe?” disse procurando um apoio de Paulo Camargo. “Eu gosto muito de Ponta Grossa. Descobri uma cidade subterrânea lá. Por conta da internet, do computador, é possível ser escritor em Ponta Grossa. Tenho vontade de viajar sim, ficar um tempo fora, mas para morar é Curitiba ou Ponta Grossa. Quando você fica alguns dias fora e volta de avião, vendo aquela paisagem do Paraná, aquilo é lindo. É um verde diferente. Não tem igual em lugar nenhum. Um amigo meu resume tudo: “Pinheiro é uma árvore que não se transplanta!”.


O Paiol Literário acontece uma vez ao mês no Teatro Paiol, em Curitiba, com entrada franca. O próximo encontro será dia 19 de junho com o escritor, antologista e tradutor, Flávio Moreira da Costa.
Matéria publicada no jornal FAROL de Maio de 2007.

17 maio 2007

Tirem a Adriane! Ou atirem...

Ayrton Senna, que tristeza você ter nos deixado. Talvez seja meio tarde para fazer uma homenagem póstuma, mas impossível não lembrar deste grande piloto toda vez que vemos uma anta loira desfilando na televisão.
Infelicidade maior do que Ayrton Senna ter morrido, foi ele ter morrido enquanto namorava Adriane Galisteu.
Quem foi que disse que esta anta quadrúpede sabe entrevistar? Quem a autorizou a fazer um programa de entrevistas? Quem a possibilitou trabalhar no SBT? O Silvio Santos está sabendo disso? Ô seu Silvio, manda ela pra lá...
Quem vota em Chaves no horário do programa da Adriane põe o dedo aqui...
Hermano Henning deve ter se coçado ontem (15¤05¤07) de vontade de falar pra Adriane Galisteu o que eu vou falar agora: MORRA! Vai! Chega de perguntinha fútil, pára de interromper os outros antes que eles concluam seus pensamentos, caaaala a boca. Você – Galinhane - consegue ser mais chata que o Jô Soares, tá quase empatando com o Faustão, é três vezes pior que Ana Maria Braga. E olha que essa é ruim!
Morra, Adriane! Mas não vá incomodar nosso amigo Senna. Aquele sim era gente. Incomodo-me muito com o preconceito, mas sou contra relacionamentos entre homens e animais.
Que criaturas são essas que recobrem as telas da nossa televisão brasileira? Socorro, Jesus, me leva! E leva todo o Brasil junto. Diz que aí no céu tem TV a cabo, pelo amor do Senhor mesmo.
Enquanto escrevi esse texto – o tempo verbal é outro porque, enfim, é obóvio (como dizia Carla Perez. Essa até que enfim pifou de vez e saiu do ar) que o programa já passou. Então, escrevi enquanto assistia a dona Galisteu entrevistando o nosso colega jornalista, Henning. O cara é bom, é bom pra caralho! Não tem como dizer que não. Consulte o currículo dele no Google pq eu é q não vou ficar aqui dando referência de ninguém. Ele é bom e não é porque trampa no canal de maior entretenimento do Brasil (senão da América Latina) que ele é ruim. Na-na-ni-na-não. O cara é “o cara”.
Pow, aí vem aquela franga despenada dizer que é fã dele, que o assiste todos os dias, que ela se deslumbra com o trabalho dele... Vá se ferrar, Galisteu. Você nem sabe a diferença de jornal e de Capricho que eu sei.
Lembra aquele tempo que a gente assistia Pink e Cérebro juntas e vc perguntava “o que é cérebro”? Vai querer enganar o povo agora? Nessa altura do campeonato, darling? Jornalismo não é que nem o campinho de futebol do teu boyfriend não. Aliás, aquele lá... já era. Não era?
Sem mais nem menos, ela vai e corta o Henning. E eu tenho que perguntar que porra de programa é esse? QUE PORRA DE PROGRAMA É ESSE?
Pra quem não assistiu – muito bem, não perdeu nada, exceto alguns minutos de raiva excessiva – foi tipo assim: “Oi, qual seu nome? Eu me chamo... Então, vc vem sempre aqui? Olha, só quando... Puxa, legal te conhecer. Até logo. Até.” Entendeu? Ou quer q eu desenhe?
Ah, não sou ninguém não, mas sou – e espero que você também seja - alguém menos banal do que Adriane Galisteu tentando jogar tênis de mesa com um microfone na boca e tentando - futilmente e com muito sucesso no que diz respeito à irritabilidade que causa Galvão Bueno - imitar a profissão de narradr de futebol.
Bom tempo era o de quando Adriane ficava na pista segurando o guarda-sol, enquanto Galvão dizia “Ayrton Senna do Brasillllll”.