12 fevereiro 2007

Zummm

Suas asas se debatem contra o corpinho de menos de um centímetro.
Parece difícil se manter no ar com tanto açúcar concentrado dentro da sua carcaça preta e amarela.
Seu tempo de rainha se foi. Agora, nos mais ou menos 50 metros quadrados que acolhem 47 cadeiras vazias e 12 ocupadas, ela não passa de uma intrusa.
Ao se perder no emaranhado de longos fios de cabelos louros que lhe parecem teias de aranha prontas para lhe abocanhar, ela recebe o vento produzido pelo movimento da palma de uma mão delicada, mas que a ela tem o efeito de um furacão.
Perdendo o equilíbrio, ela voa em direção à janela e tenta se fixar com suas pequeninas patas no vidro que, aberto, pode lhe dar a liberdade.
No espaço entre um vidro e outro está ela. Presa, debantedo-se outra vez contra si mesma.
De um lado, ela tem a vista da cidade, mas está presa.
De outro, ela vê um corpo de mover em sua direção.
Um ruído da janela se movendo e... zummmmm...! Livre outra vez.